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Nossa Senhora com o Menino
Escola Flamenga, oficina de Malines
Finais do século XV
Madeira de carvalho estofada, policromada e dourada
Provém da Igreja de São João Evangelista do Colégio, Funchal
Alt. 114 x larg. 35 cm
MASF353 |
Esta escultura de consideráveis dimensões foi recentemente (1993) encontrada sob o soalho da Igreja de São João Evangelista, dita do Colégio dos Jesuítas no Funchal. Parece ter sido relativamente comum na ilha da Madeira o “enterramento” de imagens no solo das igrejas e capelas, quando se deterioravam, evitando assim que fossem profanadas.
Esta escultura, como muitas outras conhecidas, foi várias vezes repintada, o que sugere a sua permanência ao culto durante vários séculos, até ser considerada impossível de recuperar e substituída por outra, e, por isso, naturalmente enterrada para desaparecer com toda a dignidade.
A vinda dos Jesuítas para o Funchal só se concretiza em 1570, quatro anos depois do ataque corsário à cidade do Funchal, por Bertrand Montluc, em 1566. Tiveram de ficar de quarentena nos arredores da cidade, tendo-lhes sido cedidas umas casas junto à capela de Nossa Senhora da Ajuda, por Fernão Favila ou Favella.
Para esta capela, segundo documento encontrado no arquivo diocesano, datado de 1540, foi encomendado “um retábulo da frandres”1 , hoje desaparecido.
A escultura que apresentamos não poderia ter por origem a Igreja dos Jesuítas, mas outro orago antigo da cidade, relacionado com o percurso da ordem, ou vicissitudes da história da igreja no Funchal. Pôs-se mesmo a hipótese de ser o orago primitivo da Capela da Ajuda, primeira casa dos Jesuítas na Madeira, e depois transportada para o Colégio do Funchal.
Nossa Senhora com o Menino apresenta rosto ovalado com testa alta e proeminente, e nariz, boca e queixo comparativamente pequenos. Apresenta cabelos lisos repartidos ao meio, com madeixas ondeantes sobre os ombros e o manto. O Menino é apresentado nu, onde se reconhecem os traços das esculturas de uma oficina de Malines. Deve tratar-se de uma escultura de finais do século XV, marcada por um certo iconismo, mas também pela angulosidade das pregas do manto e túnica da Virgem. Numa colecção privada dos Açores é conhecida uma Santa Margarida com evidentes afinidades com esta escultura.
1 Arte Flamenga, Museu de Arte Sacra do Funchal, Luiza Clode e Fernando António Baptista Pereira, EDICARTE, 1997, p. 116. |
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