Nossa Senhora da Conceição
Escola Flamenga, oficina de Malines ou Bruxelas
Inicio do século XVI
Madeira de carvalho estofada, policromada e dourada
Alt. 121 x larg. 42 cm
MASF18 |
Esta escultura é também conhecida como Virgem de Machico, ou Virgem de D. Manuel, confirmando a origem e proveniência da Igreja Matriz de Machico e o seu possível ofertante, o Rei D. Manuel I de Portugal.
A igreja foi fundada no fim do século XV, entre 1496-1499, com várias doações reais, e dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Para além das ofertas reais, duas famílias locais, a do donatário Tristão Vaz e a dos Morais, acrescentaram à igreja três capelas, a de São João Baptista, jazigo dos Capitães-Donatários, no lado do Evangelho, a dos Reis Magos, mais tarde do Santíssimo, instituída por Branca Teixeira, fronteira à primeira, e a do Espirito Santo, mandada edificar por Sebastião Morais, encostada ao panteão dos Teixeiras.
A escultura de Nossa Senhora da Conceição, de meio vulto, indica ter pertencido a uma estrutura retabular, ocupando um nicho central. Apresenta-se coroada, como Regina Coeli, sendo a coroa formada por rosetas, à moda das oficinas de Malines. A Virgem tem os olhos amendoados, nariz, boca e queixo pequenos, enquadrado por véu que deixa ver duas tranças. O seu corpo descreve um requebro, que torna nítida uma flexão em “S”, segurando no seu braço esquerdo o Menino Jesus. Este tem na mão esquerda um rolo, numa alusão à Nova Lei, e com a direita apoia-se no véu de Sua Mãe. Completa a peça um crescente lunar que torna explícito o seu titulo da Conceição. Mais tarde, as concepções teológicas prevalecentes na reforma católica convencionaram a representação da Imaculada sem o Menino.
A escultura apresenta a influência directa da escola de Malines, sem que deixe de fazer ecoar referências ao último gótico do Norte da França.
Deve tratar-se de uma obra de uma oficina ecléctica, activa entre Bruxelas e Malines no início de quinhentos.
Veja-se a sua proximidade com a Virgem com o Menino da colecção de Miguel Pinto1 em Lisboa, antes pertencente à colecção de Ernesto Vilhena.
1 Da Flandres e do Oriente, Escultura Importada, Colecção Miguel Pinto, Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves,Lisboa, IPM, 2002,
p.96 |