Virgem Dolorosa
Oficina hispano-flamenga
Primeiro quartel do século XVI
Madeira de carvalho estofada, policromada e dourada
Provém da Sé do Funchal
Alt. 121 x larg. 43 cm
MASF134 |
Virgem Dolorosa redescoberta em 1968, proveniente da Sé Catedral do Funchal e entrada para o Museu no mesmo ano. Deve fazer parte de um conjunto de Calvário, do qual a escultura de São João foi reencontrada, na década de 90, na Igreja de São João Evangelista do Funchal, já entretanto integrada nas colecções deste Museu e em trabalhos de conservação e restauro. As dimensões, as soluções estilísticas, e características formais, como tratamento da base, apesar do repinte violento da imagem de São João, levam a concluir-se pela mesma filiação de atelier.1
Deve ter pertencido ao terminal superior central da estrutura retabular do altar-mor da Sé do Funchal, dedicada à Paixão de Cristo. Muitas vezes, nos retábulos pintados de inícios do século XVI, encontramos soluções mistas de pintura e escultura. A este conjunto pode ligar-se um Cristo crucificado existente numa colecção privada do Porto, que terminaria a composição.
A Virgem apresenta-se enxugando as lágrimas com a ponta do seu véu. A modelação das vestes, de belíssimo efeito volumétrico, cai em pregas diagonais.
A execução desta escultura deve situar-se entre 1514 e 1520. Foi já atribuída a Olivier de Gand, mas o aperto das datas documentadas de campanhas de obras suas para Coimbra, Évora e Tomar, torna mais provável a encomenda a um seu colaborador e seguidor, como Fernão Munoz. A diocese do Funchal só foi criada em 1514 e a sua sagração só acontece em 1517. O retábulo da Sé do Funchal deve também datar do segundo decénio do século XVI.
1 Arte Flamenga, Museu de Arte Sacra do Funchal, Luiza Clode e Fernando António Baptista Pereira, EDICARTE, 1997, p. 133. |