Trata-se do painel central de um provável tríptico, encomendado para a Capela dos Reis Magos da Igreja Matriz de Machico, instituída por Branca Teixeira, filha do primeiro capitão donatário de Machico. A capela dos Reis Magos deve ter sido fundada, por ocasião da reconstrução da Igreja entre 1496-1499, pela instituidora Branca Teixeira, que deixou os seus bens a Fernão Teixeira, seu sobrinho, filho de uma sua irmã Tristoa Teixeira.
Revela uma composição que tanto entusiasma o espectador pela minúcia requintada dos detalhes, como pelas dimensões globais e inesperadas perspectivas aéreas. O grupo de Maria com o Menino ocupa o centro da composição, ladeados pelos três reis Magos, que ilustram as três idades do Homem, e São José. O cortejo dos Magos estende-se desde a Porta imaginária da Cidade de Belém.
Destaque-se a opulência e realismo no tratamento dos detalhes, como adereços e alfaias litúrgicas e texturas dos brocados de seda, por se destinar a uma clientela que apreciava uma certa ostentação.
A pintura já foi atribuída ao denominado mestre de 1518, depois a Joos van Cleve.
Mais recentemente foi levantada a possibilidade de se tratar de um mestre desconhecido, designado por Fernando António Baptista Pereira1 e Luiza Clode, Mestre da Adoração de Machico, pintor anónimo, activo em Antuérpia nas últimas décadas do século XV e inícios do século XVI, sofrendo a influência de Joos van Cleve, assim como do mestre de 1518, já identificado como Jan van Dornicke, de Jan de Beer, Patenier e Metsys. Esta pintura servirá de padrão para a atribuição ao mesmo pintor de outras duas obras neste museu.
1 Arte Flamenga, Museu de Arte Sacra do Funchal, Luiza Clode e Fernanto António Baptista Pereira, EDICARTE, 1997, p. 52. |