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São Sebastião
Indo-Português
Madeira estofada, policromada e dourada
Século XVII
Alt. 122 cm x larg. 57 cm x prof. 40 cm
MASF465
São Sebastião de uma oficina indo-portuguesa, possivelmente de Goa, de meados do século XVII, em madeira estofada, pintada e dourada. Apresenta-se São Sebastião sobre pequeno monte, amarrado de pés e mãos a uma árvore, invocando o seu martírio.
Longe da tradição quinhentista portuguesa, de maior sobriedade na descrição dos gestos do Santo, muito mais comedidos, aqui, ele é apresentado com desenvoltura, esboçando um gesto com as mãos e um pequeno passo à frente.
O culto a São Sebastião havia sido muito popular, em Portugal, durante o século XV e XVI, situação que não se alterará ao longo do século XVII, por todo o mundo português. No século XVI, foram muitas as encomendas a ateliers flamengos de Bruxelas, Antuérpia e Malines, como muitos outros que existiam durante o século XV, saídos de oficinas portuguesas, sobretudo da região de Coimbra.
A popularidade do culto deve-se à especial protecção do Santo em situações de peste, sobretudo em centros urbanos. São Sebastião era ainda patrono dos arqueiros e artilheiros.
Muito interessante, no caso em presença, é a introdução de um sabor oriental na hagiografia tradicional portuguesa com as suas regras iconográficas próprias, afirmando liberdades compositivas e descritivas até então pouco prováveis.
São Sebastião é tradicionalmente apresentado amarrado a uma árvore ou ramo1 podado que reverdece, numa clara alegoria à ideia da Ressurreição. Aqui ele é todo dourado, assim como as cordas que prendem a imagem pelos braços e tornozelos, ou ainda o cendal que envolve o santo, traçado sobre a direita.
Inspirado nos modelos continentais portugueses, foi talhado numa oficina não erudita, que se reconhece pela saborosa interpretação anatómica, ou pela forma como deixa cair em ondeado os cabelos sobre as costas, articulando duas grandes madeixas ondeantes terminando em caracóis, sobre o tronco.
1 Ver por comparação imagens de marfim de São Sebastião indo-portuguesas. A Expansão Portuguesa e a Arte do Marfim, Coord. Francisco Hipólito Raposo, Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, Fundação Calouste Gulbenkian, 1991, p. 180. |
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