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São Sebastião
Oficina Portuguesa, Diogo Pires, o Moço
Calcário com vestígios de policromia
Início do século XVI
Alt. 113 x larg. 38 cm
Provém da Igreja de São Sebastião
de Câmara de Lobos
MASF379
Fragmento de uma escultura de São Sebastião, em calcário, encontrada nos anos 90 do século XX, sob o soalho da Igreja Matriz de Câmara de Lobos. Este procedimento parece ter sido comum na Madeira, pelo aparecimento recente de várias esculturas nas mesmas condições de enterramento. A sua deterioração levava a que fossem enterradas para que desaparecessem com dignidade e não fossem profanadas.
Eram muito populares no Portugal de quatrocentos e quinhentos os poderes taumatúrgicos de São Sebastião. A par de São Roque, Santo Antão, Cosme e Damião, São Sebastião era também invocado como escudo protector das misérias do corpo, particularmente contra a peste. A sua divulgação pela Península Ibérica, iniciou-se no séc. VII.
Na Ilha da Madeira conhecem-se várias igrejas e muitos altares dedicados a São Sebastião, para os quais, nos casos mais recuados, se assistiu à importação de imagens de vulto, como é o caso da imagem de São Sebastião de uma oficina flamenga, para a antiga capela de São Sebastião do Funchal, hoje no Núcleo Museológico A Cidade do Açúcar.
Este exemplar apresenta uma requintada modelação das formas, que o desaparecimento da secção inferior não faz diminuir. Apresenta-se como Sebastianus sagittatus, com as mãos atadas a um tronco, e o seu jovem corpo coberto de orifícios, que indicam as feridas feitas por flechas aquando do seu martírio. Veste apenas bragas ajustadas, com um cordão laçado à frente. O rosto imberbe de expressão serena, é enquadrado por uma farta cabeleira ondeada.
Deve tratar-se de uma escultura da oficina coimbrã de Diogo Pires, o Moço, pela delicadeza da sua modelação tardo-gótica, sensível aos modelos europeus do fim da Idade Média e do Manuelino. O artista é herdeiro natural de seu pai, o escultor Diogo Pires, o Velho, activo em Coimbra no último terço do século XV. É conhecida a obra de Diogo Pires, o Moço entre 1513 e 1525.
Esta escultura deve ser a imagem do orago primitivo da capela de São Sebastião de Câmara de Lobos, no início do século XVI. |
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