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Cruz Processional
Ourivesaria Portuguesa, Lisboa (?)
Primeiro quartel do século XVI
Prata dourada, relevada e cinzelada
Alt. 127 cm x larg. 55 cm
Provém da Sé do Funchal
MASF56



Cruz latina de braços e haste com extremidades trilobadas e nó de estrutura arquitectónica.
Na frente, na área de intercepção dos braços com a haste, ao centro, a figura de Cristo crucificado, colocada posteriormente.1
No reverso um Cristo Redentor Mundi abençoando, tendo na mão esquerda um globo sustentando uma cruz.
O campo da haste e dos braços está preenchido por elementos vegetalistas vazados e relevados. No perímetro da cruz uma cercadura rendilhada, também vazada, de grande efeito decorativo. Nas extremidades desta, nas superfícies quadrilobadas, na frente, em baixo relevo, cenas da Flagelação, Beijo de Judas, Cristo no Horto e Ecce Homo. No reverso dessas superfícies, os quatro evangelistas – São Marcos, S. João, S. Lucas e S. Mateus, também em baixo relevo. Na base da cruz, nos dois lados, as armas reais sustentadas por dois anjos.
Na superfície e a definir os quadrifólios, um lourel com cintas que se prolongam por quase toda a cruz ao encontro do quadrifólio seguinte. Este lourel não é igual nos dois lados. Um cordão contorna a base da cruz assim como a do nó.
O nó da cruz, de estrutura arquitectónica, lembrando uma catedral do final do gótico, tem a base recortada e oblonga. Dividido em três registos, de faces com fenestrações de decoração vegetalista vazada, nele se destacam elementos decorativos e estruturais como contrafortes, pináculos, coruchéus, etc. Alguns desses elementos são povoados por estatuetas cinzeladas. As figuras em meio vulto representam os profetas e o apostolado e estão assentes sobre mísulas encimadas por baldaquinos.
Junto ao registro inferior, encontram-se as figuras em vulto de Nossa Senhora da Assunção, S. João Baptista e Santa Maria Madalena, que foram colocadas no séc. XIX, em Lisboa.
O nó é rematado superiormente, em ambas as faces, pelas armas de D. Manuel I, sustentadas por anjos e ladeadas por duas esferas. Sob o nó uma profusão de folhagens vazadas e relevadas, de grande efeito decorativo, das quais pendem quatro tintinábulos.
A parte inferior da haste da cruz processional, com a forma de um prisma sextavado, tem uma decoração vegetalista e termina nas duas extremidades por superfícies polilobadas. As arestas do prisma são contornadas por um cordão.
Esta cruz chegou à Sé do Funchal em 1528, juntamente com outras ofertas do Rei D. Manuel I, entretanto falecido em 1521. A ela se faz referência: uma cruz grande dourada, que de prata pesa oitenta e dois marcos, vinte onças e duas oitavas.2
A cruz manuelina figurou na exposição de Arte Ornamental realizada no Museu Nacional de Lisboa em 1882; na exposição das Janelas Verdes em 1949; Ourivesaria Sacra no Convento de Santa Clara em 1951 e em Sevilha, no pavilhão da Santa Sé, em 1994.

1 A Sé do Funchal, Padre Manuel Juvenal Pita Ferreira, JGDAF, Funchal, 1963, pp. 162 e 163
2 Idem, pp. 159 e 160



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Créditos  |  Última actualização: 1 Fevereiro 2012