Sacras (3)
Ourivesaria Portuguesa
Oficina madeirense (?)
Século XVIII
Prata relevada, incisa e recortada
Alt. 57 x larg. 34 cm e 34 x larg. 27 cm
Provém da Sé do Funchal
MASF111AB
Três peças profusamente lavradas e recortadas em chapa de prata sobre suporte de madeira.
Em toda a superfície da sacra central, mais elaborada, distinguem-se folhas estilizadas e volutas, destacando-se um rótulo convexo trilobado ao centro com textos inscritos. A secção superior ergue-se sobre uma arquitrave moldurada, ladeada por albarradas, de ornamentação semelhante à parte inferior. No campo central destaca-se um medalhão circular com o JHS relevado com resplendor. A envolvê-lo, em banda, a legenda gravada GLORIFICATE IN INSULIS MARIS NOMEN DOMINI. ISA.24 (Glorificai nas ilhas do mar o nome do Senhor. Isaías 24). Para rematar, uma coroa encimada por uma cruz latina. O recorte da peça é perlado, apenas interrompido por uma ou outra forma vegetalista. As duas sacras mais pequenas têm idêntico relevado e recorte, terminando também em coroa encimada por uma cruz latina.
Estas peças demostram a pujança característica da ourivesaria da época.
No livro de Receita e Despesas da Sé em 1731 estão lançadas verbas com as despesas das sacras e ainda o dinheiro a Manuel de Aguiar de feitio da Sacra.1 Tratar-se-ia de ourives madeirense exercendo a sua actividade no Funchal.
O inventário de 1798 a elas faz referência.2
Para além do missal, os padres do rito romano usavam até ao presente três tabelas, como auxiliares de memória e para sua maior comodidade, às quais se dá no nosso país o nome de Sacras, e que nos livros litúrgicos latinos aparecem com o nome de tabellae secretarium.3
1 PITA FERREIRA, A Sé do Funchal, p. 186
2 Id., p. 196
3 António Nogueira GONÇALVES, Estudos de Ourivesaria, p. 156.
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