Martim Conrado pertenceu à geração proto-barroca portuguesa, da qual foram mentores Domingos da Cunha, Domingos Vieira Serrão, André Reinoso, Baltazar Gomes Figueira e José de Avelar Rebelo. Na sua obra revela uma formação de inspiração das oficinas sevilhanas e mesmo da oficina lisboeta de José de Avelar Rebelo, pintor régio de D. João IV.
Foi contemporâneo de pintores como Josefa D'Ayala (de Óbidos) e Bento Coelho da Silveira.
Uma parte significativa da sua obra na Madeira1 encontra-se assinada, normalmente, como é também o presente caso, a vermelho de cochinilha, e datada de 1653. Ainda não foi encontrado nenhum contrato de trabalho para a Madeira, como o que realizou para a obra da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Sé de Lisboa em 1647.
O pintor não deve ter fixado residência na ilha, recebendo no entanto muitas encomendas. A pintura das Onze mil Virgens deve ter sido contratada na década de quarenta, quando a capela da sua invocação ficou concluída, na Igreja do Colégio dos Jesuítas do Funchal.
Da sua clientela local faziam parte naturalmente os jesuítas, que encomendaram a pintura que aqui se analisa.
Respeitando as normas saídas do Concílio de Trento, os seus jogos de claro-escuro, gestos largos e torsão das formas revelam preocupações criativas inovadoras.
A divulgação das novidades artísticas fazia-se desde o influxo do Renascimento, principalmente através das gravuras europeias, que ganham grande circulação.
Na pintura das Onze Mil Virgens, mostrou conhecer a gravura de Jan Sadeler, que transpôs de forma muito próxima nas três versões conhecidas, a do Funchal, de Coimbra e Lisboa.
1 "Algumas pinturas Religiosas dos séculos XVI e XVII, pertencentes à Fundação Berardo", Isabel Santa Clara e Rita Rodrigues, in Revista Islenha, n.º 38, Janeiro-Junho de 2006, DRAC, Madeira, pp. 55-69.
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